Futuro do crescimento brasileiro passa pelo interior de São Paulo
A expectativa inicial de uma safra 2020/21 voltada à produção de etanol e à movimentação financeira dos créditos de descarbonização (CBIOS) acabou não se concretizando após o início das medidas restritivas adotadas no país, em razão da pandemia da covid-19.
As incertezas no início da safra deram lugar à reorganização das atividades, principalmente na área industrial, e o replanejamento da produção, nas unidades produtoras de açúcar e etanol, para atender a demanda externa e interna de açúcar. As unidades industriais que negociaram antecipadamente o açúcar no mercado spot tiveram um maior fôlego com o baixo preço do produto no mercado internacional no início de 2020.
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e, na safra 2020/21, foi responsável pela produção de 654,5 milhões de toneladas destinados à produção de 41,2 milhões de toneladas de açúcar e 29,7 bilhões de litros de etanol1. O Estado de São Paulo, que lidera a produção no país, respondeu por 54,1% da quantidade produzida na safra 2020/21, e foi responsável pela produção de 48,4% de etanol (14,3 bilhões de litros) e 63,2% do açúcar (26,0 milhões de toneladas)2.
O complexo sucroenergético, açúcar e etanol, ocupa papel de destaque na pauta de exportação, e em 2020 o setor teve participação nacional de 9,9% (US$9,9 bilhões), quarto setor mais representativo do país3. Do valor total nacional exportado, o açúcar representou 87,8%, e foi o setor mais representativo no Estado de São Paulo, com participação de 37,1% (US$6,4 bilhões)4.
AÇUCAR
Na safra 2020/21, a produção mundial de açúcar foi de 179,9 milhões de toneladas, e a produção brasileira representou 22% do total produzido; para a safra 2021/22, estima- -se a produção de 186 milhões de toneladas5.
O cenário favorável dos preços do açúcar no mercado internacional, a menor produção do adoçante nos principais produtores mundiais, além da pandemia, foram fatores que contribuíram para o aumento da demanda externa em 2020. O país foi responsável pela exportação de 30,7 milhões de toneladas de açúcar, quantidade 1,1 vez superior ao exportado em 20196. Do total exportado, 65% foi comercializado para China, Argélia, Bangladesh, Índia, Indonésia, Nigéria, Marrocos, Malásia, Arábia Saudita e Iraque (Figura 1)7. O porto de Santos é o principal porto de embarque de açúcar no país e, em 2020, foram embarcaram para outros países 23,9 milhões de toneladas de açúcar, 77,6% do volume total exportado8.
ETANOL
O volume comercializado no país de etanol hidratado pelas distribuidoras em 2020 foi 14,6% menor que em 2019, em função das restrições impostas pela pandemia9. Com a redução do número de deslocamentos de pessoas, foram comercializados na Federação 19,25 bilhão de litros, e 10,13 bilhão de litros no Estado de São Paulo10.
Em 2020, o país exportou 2,69 bilhões de litros de etanol para os seguintes destinos: Estados Unidos, Coreia do Sul, Países Baixos (Holanda), Japão e Nigéria (Figura 2)11. As incertezas do início de 2020 foram revertidas pelo setor sucroenergético, tornando o período favorável à produção de açúcar em função do aumento da demanda interna e externa.
As condições climáticas e o volume pluviométrico do final de 2020 até o momento deverão afetar a produção da cultura na safra 2021/22. Estudo realizado pelo Sistema Nacional de Meteorologia indica alerta de emergência hídrica entre maio a setembro de 2021 na maior parte da região central do país12. A safra em andamento requer atenção a incêndios em função da estiagem e a gestão do custo de produção com o intuito de otimizar o investimento realizado na produção. A perspectiva é que a safra seja um pouco menor que a safra 2020/21 em função da estiagem, consequentemente a produção de açúcar e etanol deverá ser menor, a tendência é de uma safra mais açucareira mesmo com a retomada da demanda de etanol.
Fonte: http://www.iea.sp.gov.br/out/